Maria Lourenço de Almeida nasceu e ficou até aos seis anos em casa dos avós, em Souto de Alva, no concelho de Castro Daire, numa época em que o pai estava emigrado no Brasil. A sua infância foi passada numa casa da aldeia, com poucas comodidades, e a família sustentava-se com o que granjeava na terra.

Em dezembro de 1980, e porque em Portugal “não se governava”, emigrou para Paris, em França, deixando a filha, então com dois anos, aos cuidados dos seus pais.
“Foi o que mais me custou”, confessa.

O marido trabalhava por contrato, na agricultura, mas, inicialmente, Maria Lourenço não tinha ocupação e, como também não sabia falar o novo idioma, desanimou. “Queria vir-me embora”, recorda, acrescentando que foi uma amiga da sua terra que a convenceu a ficar.
O panorama mudou após a primeira viagem a Portugal, quando o trabalho, como doméstica em casas particulares, passou a abundar. Foi, aliás, com as correções das patroas, que aprendeu a falar francês.

As saudades matavam-se por carta ou através das cabines telefónicas públicas, que funcionavam ainda com moedas. E, claro, fazia questão de vir, inicialmente de autocarro e depois de comboio, à sua terra natal, onde “ajudava os pais nas terras e no que fosse preciso”. Mais tarde, levou também a sua irmã para França, o que ajudava a mitigar a distância das suas raízes.

Em agosto de 1990, quando a filha tinha 12 anos, o casal regressou a Portugal, deixando para trás “uma cidade lindíssima”.