José da Silva, nasceu em Janeiro de 1942, na aldeia de Colo de Pito, concelho de Castro Daire. A vida na aldeia era difícil e foi criado, desde pequenino, “atrás” das ovelhas e das vacas. Andou na escola, mas as dificuldades eram muitas, os pais trabalhavam no campo e era daí que tiravam o rendimento, apesar de ser pouco. Aos 15 anos rumou a Lisboa, por volta do ano de 1958, com a esperança de uma vida melhor.
A indústria precisava de braços e eles precisavam de esperança, a esperança que não tinham nas suas terras de origem. A cidade abriu-lhe as portas, mas a vida, no início foi difícil. Juntou-se ao pai e a um dos irmãos, “que já por lá andavam”,e logo na primeira noite dormiu, no Bairro Chinês, numa barraca, que viria a ser o seu tecto. Recorda como eram as barracas, de chapa por cima, forradas a papelão e muito pequenas. Sem dinheiro para cama, José da Silva, dormia numa “tarimba”, relata-nos. As condições eram muito difíceis, as barracas não tinham água corrente, as fossas eram a céu aberto e para cozinhar socorriam- se de uma máquina a petróleo. Nunca pensou em regressar à terra, que o viu nascer, apesar das dificuldades por que passou em Lisboa, diz-nos conformado que , “lá havia algum dinheiro e aqui nada”. Um acidente grave na Guerra do Ultramar, na Guiné, trouxe-lhe a amputação de uma perna e fê-lo regressar à sua aldeia, onde ainda hoje é feliz.
Entrevista a José da Silva, conduzida por Luís Costa. Captação de imagem e som por Luís Costa a 19 de junho de 2019. Editado por Liliana Silva.
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