Ao longo de milhares de anos, a resina de pinho foi usada por diferentes civilizações, tendo atingido o auge, no nosso país, nos anos 70 e 80 do século XX.
Manuel Fernandes e António Fernandes, habitantes da aldeia de Souto de Alva, falam-nos sobre esta tradição de extrair o ‘ouro líquido’ que se escondia nas florestas da região, com especial incidência nas terras a sul do Rio Paiva.
Naquele tempo havia muita oferta de mão-de-obra e as pessoas eram contratadas à jorna, de boca, de acordo com a quantidade de pinheiros para sangrar. De Março a Outubro/ Novembro, trabalhava-se do nascer ao pôr-do-sol e às vezes mais, se houvesse necessidade de acabar algum lote.
A ‘lei’ mandava que o pinheiro tivesse já 80 centímetros – medidos com um baraço – quando se resinava pela primeira vez. Mas quanto mais grosso estivesse, maior a possibilidade de ser rentável durante mais tempo. “E se cada pinheiro desse três quilos de resina durante o ano, em média, o resineiro já ficava satisfeito”, contam-nos, recordando que o grampo onde se engatava o púcaro, a talhadeira e o prego faziam parte do dia-a-dia de quem vivia deste ofício.
Gravação vídeo por Nely Ferreira (Binaural Nodar)
Gravação áudio por Sandra Silva (Biblioteca Municipal de Castro Daire)
Texto por Andreia Mota (Binaural Nodar)