Rancho Folclórico e Etnográfico de Picão “Alegria do Montemuro”
Picão é uma das aldeias mais emblemáticas da encosta sul da serra de Montemuro. “Implantada num amplo esporão aplanado entre os ribeiros da Carvalhosa e da Ermida, a povoação desenvolveu-se no sentido norte-sul, entre as cotas de 900 e 970 metros de altitude” (Nuno Resende, em “Elementos para a história da comunidade de Picão”, integrado no livro “Picão: Natureza, história e memórias do Montemuro”, coordenado por Pilar Dias). Da aldeia tem-se um panorama impressionante, cobrindo o majestoso vale do médio rio Paiva, a serra de São Macário (parte do maciço da Gralheira), sendo muitas vezes possível divisar ao longe a serra da Estrela. A aldeia faz atualmente parte da união de freguesias de Picão e Ermida, sendo que esta povoação da Ermida está situada numa cota bem inferior, já próxima do rio Paiva, tendo o seu topónimo sido conferido precisamente pela ermida românica fundada no século XII pelo monge D. Roberto.
Dada a sua posição geográfica, Picão desenvolveu historicamente a agricultura de subsistência e a pastorícia de gado bovino de raça arouquesa, de gado caprino e ovino, tendo vastas zonas de pastagens e de montes baldios adjacentes que conferem uma beleza singular à paisagem. Relacionado com a pastorícia de gado ovino, a aldeia do Picão especializou-se na tecelagem em linho e em lã e na pisoagem de tecidos de lã para produzir o burel das capuchas serranas, existindo na aldeia a Cooperativa de Artesanato Lançadeiras do Picão que funciona há já várias décadas sem interrupção.
O Rancho Folclórico e Etnográfico de Picão “Alegria do Montemuro” foi fundado em 15-08-198 sendo que, pouco tempo depois, entrou numa fase de interregno, devido à emigração de muitos dos seus habitantes, tal como aconteceu em tantas outras povoações da serra do Montemuro. O rancho folclórico retomou a sua atividade em 1994, ao ser convidado a participar num festival realizado no concelho, não tendo parado até hoje. É assumidamente um rancho folclórico familiar, simples e autêntico, sendo que os seus trajes foram confecionados localmente em linho, lã e burel, sendo alguns deles centenários. Em algumas das suas atuações, o rancho representa todo o ciclo do linho, com a ajuda de exemplares da planta nas suas várias fases de desenvolvimento e dos instrumentos respetivos. Algumas das modas que o rancho interpreta são: “Maria Augusta”, “A roupa do meu amor”, “Sapato e meia branca”, “Marcha do Picão” e “Siga a rusga”.