Grupo Folclórico de Santa Maria de Cabril
Cabril é a freguesia mais distante da sede do concelho de Castro Daire, estendendo-se por vales e montes entre a Serra de Montemuro e a margem direita do rio Paiva. É excelente terra de cultivo e de pastagens para gado bovino, caprino e ovino, tendo uma grande abundância de água que cai das faldas xistosas da serra até ao rio Paiva. Cabril é terra muito antiga, tendo sido a sede do antigo Mosteiro de Baltar, instituído no século XII (daí o topónimo “Mosteiro” ainda existente). Por outro lado, em Cabril poderá ter nascido João Rodrigues Cabrilho, descobridor da Alta Califórnia em 1542, ao serviço do rei de Espanha. Por último, Cabril detém um considerável património industrial ligado à exploração do minério de volfrâmio: as antigas minas de Cortiças, Fragas de S. Martinho, Furnas e Pedreiras da Torre.
O Grupo Folclórico de Santa Maria de Cabril foi fundado em 1970, tendo nos primeiros anos estado associado à aldeia da Tulha Nova. Curiosamente, as primeiras atuações do rancho foram efetuadas com trajes emprestados por um extinto rancho da aldeia de Sequeiros do concelho de São Pedro do Sul, sendo o que o grupo foi gradualmente sedimentando o seu papel na defesa de uma das tradições musicais e coreológicas mais ricas da região, as da encosta sul da serra do Montemuro, aquela debruçada sobre o vale do rio Paiva. É impossível não mencionar o papel do Prof.º Jorge Teles na projeção regional, nacional e internacional do Grupo Folclórico de Santa Maria de Cabril, tendo deixado, com o seu falecimento no ano de 2020, uma herança única que é um enorme desafio para as gentes da freguesia de Cabril e do concelho de Castro Daire.
O Grupo Folclórico de Santa Maria de Cabril granjeou ao longo dos anos o estatuto de um dos mais altos símbolos do folclore da Beira Alta, tendo representado a região em múltiplas edições do festival europeu de folclore Europeade, incluindo a de 2018, realizada em Viseu e para a qual foi decisiva a reputação internacional do grupo. Foram igualmente memoráveis as digressões do grupo na Califórnia (Estados Unidos) e no Brasil, as quais se encontram profusamente documentadas no espólio documental do grupo.
Algumas das modas mais emblemáticas do Grupo Folclórico de Santa Maria de Cabril são “Chula de Cabril”, “Lavradeirinha do campo”, “A polada”, “Contradança”, “Da banda d’além do rio”, “Minha maçã coradinha”, ou “A videira sempre chora”. De referir que a tocata do grupo é uma das grandes referências da música montemurana para dança, alguma da qual tem origem nas invasões francesas, como as contradanças, as mazurcas e as valsas, as quais ainda hoje animam bailes populares em muitas aldeias do vale do rio Paiva.